A idéia do trabalho surge a partir de um fragmento de texto do poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro: "Entre o rio e a floresta, o infinito". Compreendo que nesse infinito encontra-se a margem, definida em seu conceito geográfico como o encontro da água com a terra. A peça que compõe o trabalho é uma estrutura que serve como contrapiso no fundo de uma canoa, embarcação usada como veículo de ligação entre as margens. Por isso optei por essa montagem, onde o trabalho se acomoda entre o chão e a parede que, mesmo partindo de uma estrutura rígida, dá uma idéia de fluidez.
Sem interferência direta no objeto achado, Marcone Moreira o instala no espaço expositivo para imediatamente dar início a uma série de construções efêmeras que sinalizam uma certa demarcação da geometria sugerida pelo próprio objeto. Nesse processo de desenho, com pó de mármore, as formas demarcadas no chão evidenciam a contraforma, o vazio.